Toda Nostalgia é Metafísica...

Ele conta que a primeira vez que a viu foi intencional. Ele que hoje não sai para ir de encontro às pessoas, saiu naquela tarde para conhecê-la. Por admiração, veneração, chame do que quiser, a verdade é que precisava vê-la de perto.
Era sábado, a manhã já despedia-se e o sol mostrava toda sua fúria. Estavam num lugar nunca antes visto, tudo era particularmente estranho e ainda assim trazia lembranças. Não sabia dizer de onde vinham, se eram realmente memórias dele.
Finalmente entraram onde a encontraria. Ele conta que tudo ali era claro e seus pensamentos estavam novamente em harmonia. Havia fotos por toda parte, ele não conhecia aquelas pessoas, e tentava não encará-las, pois diz ser falta de educação olhar as fotografias dos outros. Uma senhora veio até onde estava e disse que ela viria a seu encontro em um minuto.
Os minutos são formados por segundos, os segundos são formados por milésimos de segundos. Os minutos formam as horas, e as horas os dias e os dias as semanas, os meses, os anos, as décadas e os séculos. Obviamente poderíamos chegar a uma conclusão plausível sobre a origem desses termos, mas quem terá sido o primeiro a acreditar no tempo?
Sim, porque para que o ser humano acredite é preciso um corajoso pioneiro para dizer-lhes que está certo. “É seguro, podemos prosseguir!”.
Não sabia explicar porque pensava nisso na hora de encontrar alguém que admirava tanto. Pensou que seus pensamentos eram fruto da angústia imposta pelo “um minuto”.
Ela usava um vestido branco, seus cabelos eram negros como as noites nas cidades pequenas do interior, caía na testa, ela não tirava, seu o olhar era sempre fixo e penetrante. Apertou sua mão e se apresentou (como se ele não soubesse seu nome. Como se não repetisse seu nome em sonhos), então foram para uma outra sala onde havia cadeiras muito antigas, e mais fotos, ele não conseguia entender o porque daquela quantidade de fotos, eram fotos das pessoas que estavam ali. Então ficou mais confuso ainda. Porque as pessoas desejavam exibir suas próprias fotos nas paredes, suas próprias paredes? Talvez elas não gostassem de espelho. Assim quando quisessem ver a si próprias, bastava olhar as paredes. Só assim conseguia entender.
Ela sentou-se à sua frente. Carregava um copo na mão.
Muitas horas se passaram antes que percebessem há quanto tempo estavam ali... Conversavam como estranhos no ônibus: aqueles que, acreditando não se reencontrar novamente acabam revelando segredos e expondo opiniões que não escapam facilmente...
Jamais imaginavam o quanto se encontrariam depois daquela tarde.
Ele voltou para a mesma casa, para os mesmos amigos, mesmo trabalho, para a mesma crise existencial, mesmos dias, mesma família, mesma vida, exceto por um fato que só reconheceu muito tempo depois: não possuía sequer a sombra do homem que saíra de casa aquela tarde.
Tudo havia mudado. Aquelas palavras penetraram profundamente em seus mais ambiciosos pensamentos. As horas passaram desde que chegara em casa, e as horas transformaram-se em dias e os dias transformaram-se em semanas e as semanas transformaram-se em meses, como sempre acontece. E ele a reencontrou.
A segunda vez que a viu seus cabelos estavam molhados, segurava um copo nas mãos, não sabe dizer qual era o líquido. Os cabelos não caíam na testa, acho que por estarem molhados. Ela estava séria e ele não sabia se devia perguntar porque.
O silêncio tomou conta dos dois de modo que não se fazia necessário mesmo palavra alguma. Bastavam seus olhos fixos um no outro, por não entender o que aquele olhar comunicava, colocou-se a pensar que melhor seria aproveitar aqueles momentos que provavelmente não se repetiriam.
Acontece que para ele tudo sempre foi muito complicado. Convivera sempre com um sentimento de estranheza a respeito de tudo que nos constitui como humanos; nunca conseguira entender boa parte do que o cerca. O desejo de estar acima de alguém, dinheiro, poder, motoristas de ônibus que não param no ponto para os idosos, impostos, inveja, morte, traição. Pensava sempre que apenas dois tipos de pessoas mereciam realmente nossa admiração, os ignorantes e os deprimidos. Os primeiros por viverem num mundo que não entendem e superarem expectativas, e o segundo por entender este mundo cruel e recusar-se a ser feliz.
Conta que ela entrou em sua vida quando não sabia o que estava acontecendo, muito menos onde iria parar, os dias em sua companhia eram cheios de uma alegria que ele desconhecia.
Os dias ensolarados, os dias chuvosos, o sol, a lua, o pôr-do-sol, o luar, tudo que ele nunca percebia.
É uma história de amor como outra qualquer, como todas as histórias, trata-se de um amor, que durante um tempo ele pensou ser eterno, como todos os amores são pensados.
Ele permanece repetindo a frase que define o que sentiu naqueles dias,
‘A eternidade me espera’.

Comentários

Anônimo disse…
to preocupada com o meu blog
sofro de um mal q se caracteriza pelo excesso de coisas mas falta de palavras, q q pode ser isso?
heeelp
:*
kinha disse…
taisaaaaaa!!!
heuheuh
li o texto...
mas acho que ainda tem muito pra ler nele..
heheuehue
ê história!
;*

Postagens mais visitadas