Catatau chegou legal no vidigal, ia haver uma blitz naquele local
O malandrou pinoteou, pouco antes da hora que a justa chegou
Por onde está, por onde andou, ninguém dedou
De repente num beco da grande favela, um vulto surgiu na viela
O soldado deu voz de prisão com decisão
Do outro lado, nego desempregado, bastante desesperado,
Se rende correndo e cai.
Mas caiu com a mão na cabeça,
Para que ninguém esqueça o quanto pediu clemência
E não foi ouvido por causa da violência que fez chorar o soldado
Que muito mal orientado não pôde evitar o mal
E nem a sorte daquele inocente lá do vidigal
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A caça à polícia está aberta oficialmente. Como sempre acontece em nosso país, todos os males são direcionados a uma classe de tempo em tempo, parece que assim sentimo-nos melhor. Nossos problemas colocados em outro, retira de nós a responsabilidade de qualquer conduta. Minha intenção de maneira alguma é defender a polícia, mas sim pulverizar o mal. Porque a verdade é essa, não se trata da polícia, dos traficantes ou dos políticos fraudulentos. Trata-se de uma ordem imposta, um certo modo de olhar o outro, um olhar que não suporta a alteridade. Bem,.. Acusam a polícia de ser desumana em tantas ocasiões, acusaram o exército de conduta atroz por ter entregue os jovens a uma milícia rival, e certamente este julgamento é correto, foi mesmo de uma atrocidade sem precedentes. Mas e a conduta dos traficantes da facção rival? Como denominá-la? O exército e a polícia têm o papel de proteger, tudo bem. Mas não somos todos seres humanos? Policiais, militares, traficantes, jovens sem perspectiva, políticos, não somos todos seres humanos? Talvez sim, talvez não. Já não dá pra saber ao certo.
"Todos iguais perante a lei". Resta saber qual. Não existe mais uma LEI que consiga reger todas as pequenas leis espalhadas, uma ordem que ordene nossas tentativas de ordenar nosso cotidiano.
Quantos inocentes terão ainda que morrer, antes que deixemos de crucificar os policiais que estão nas ruas e comecemos a questionar aqueles que os formam? E em última instância, quem os forma? A família? A escola? Antes que cheguem a escolha que os leva às ruas para matar inocentes, quem os forma enquanto cidadãos? Talvez sejamos nós: a macro-sociedade.
Não se trata da polícia, qualquer um pode ver isso, basta que retire as arestas que usamos para nos proteger de nossas próprias responsabilidades. As responsabilidades oriundas de nossa liberdade de escolha.
Ditadura nunca mais! Tortura nunca mais! Para tanto, precisamos antes descer de nossa Torre de Babel e começarmos a compreender uns aos outros.

E que comece por mim!

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