O Produto desta Atividade Mental: Esvaziamento temporário de uma produção científica...




Sou palhaço do circo sem futuro
Um sorriso pintado a noite inteira
O cinema do fogo
Numa tarde embalada de poeira
Circo pegando fogo
Circo
(Palhaçada)

E a lona rasgada no alto
No globo os artistas da morte
E essa tragédia que é viver, e essa tragédia
Tanto amor que fere e cansa




Acabei me lembrando de uma história engraçada sobre palhaços... Uma vez eu estava com um amigo no centro do Rio, e ele encontrou com um outro amigo dele... e o cumprimentou, conversaram e fomos embora.. e eu perguntei: "o que esse seu amigo faz?" e ele disse: -ele é palhaço. E eu disse a ele: "Não, tô perguntando sério pô. O que ele faz?" E meu amigo tornou a responder: -ele é palhaço.
Penso que meu espanto não é infundado. Ser Palhaço não é uma profissão. É um estado de um ser. Assim como palhaçada é um estado de coisas. A palhaçada é o antídoto do palhaço frente a melancolia lancinante de quem não suporta o dia-a-dia.
O palhaço é belo e triste. É de uma beleza que nos toma... de uma tristeza que me dói. Uma alegria efêmera, mas que dura o tempo certo.
Pensando nisso tudo posso compreender com muita facilidade a conotação pejorativa e por vezes agressiva que tomou a expressão "palhaçada"... É isso que o palhaço faz mesmo: palhaçada. Desfaz do sério, ameniza o peso da existência... o nariz vermelho que carrega a dúbia conotação entre alegria e choro. No lugar de um terno ou uma roupa séria, uma vestimenta desprovida de bom senso ou compromisso. Quando alguém nos acusa de estar fazendo "palhaçada" o que quer dizer com isso?
Que não estamos levando algo a sério...
É o que o palhaço deve fazer: nos lembrar que nem tudo deve ser levado a sério o tempo todo.
E é por isso que a palhaçada (como toda e qualquer expressão artística) é o veneno antimonotonia que o Cazuza pedia...

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