A doçura da ignorância (ou sobre como a vida continua...)
Leia ouvindo: https://www.youtube.com/watch?v=hpC4UTw_XQ0
E então chegou 2016. Sobrevivi a um ano conturbado, mas ao mesmo tempo de uma mesmice que não quero repetir neste que se inicia. E o início dele já me abriu a uma perspectiva linda. Hoje quero dizer a vocês que visitem a região dos lagos do Rio de Janeiro. Vocês não serão mais os mesmos depois dessa viagem. Eu cresci no Rio de Janeiro, sempre tive vizinhos com casas em Araruama, Saquarema, São Pedro da Aldeia: sim, eu só conhecia gente com casa em lugar mais modesto porque eu sempre fui muito pobre. E justamente por isso nunca tinha ido à região dos lagos. Mas poderia ter ido há mais tempo, não sei porque não fui. Não vem ao caso. Fui no reveillon 2014/2015 e fui agora novamente. É bom ir a um mesmo lugar duas vezes em pouco tempo porque torna-se possível re-conhecer o lugar, mas desta vez já sabendo como evitar todos os problemas de viajar para regiões turísticas em alta temporada. Então, a minha primeira dica seria essa: não vá na alta temporada. O melhor mês do ano para visitar essa região é março. Terminada a alta temporada e ainda com dias bonitos de sol e calor. Mas, se você assim como eu, só puder ir nos meses mais cheios, eu deixo algumas dicas:
Ande sempre com dinheiro. Especialmente em Arraial do Cabo quase não há caixas eletrônicos e o sinal de celular é péssimo, o que torna também escassa a oferta de estabelecimentos que aceitam cartões.
Por nada neste mundo deixe de visitar a praia do forno de Arraial do Cabo, porque dificilmente vocês verão uma praia mais bonita na vida.
Escolha um belo dia de sol para ver o pôr-do-sol do Pontal do Atalaia, também em Arraial.
Fuja das praias mais famosas, como por exemplo Geribá (Búzios), não tem nada demais lá, só uma praia lotada de turistas e ondas para surfistas. O mesmo serve para Praia Grande em Arraial e também a praia do forte que fica em Cabo Frio. Claro que se você tiver um mês para rodar por lá, vale a pena conhecer tudo, mas se tiver poucos dias, aproveite melhor.
A praia das conchas de Cabo Frio tem uma subidinha entre as pedras que vale a pena o risco, é uma vista magnífica! O risco é só escorregar e pagar mico.
Ao visitar a praia do forno, vá pela trilha, pois o visual é encantador. E a trilha é bem suave, vi até senhorinhas subindo.
Estacionamento é um problema. Arraial do Cabo é bom ir sempre cedo, perto das 8h da manhã. Deixar o carro na rua não é problema, mas de manhã cedo o preço é melhor, dez ou vinte reais para o dia todo. Deixe o carro ali, você não precisará dele e chegará mais rápido aos lugares andando.
Leve repelente, não importa onde estiver hospedado, leve repelente.
Em Búzios, a praia da Tartaruga é uma boa pedida. Comi um peixe (anchova) na brasa delicioso no quiosque por do sol, mas há também um restaurante na areia da praia (caso você esteja disposto a pagar um pouco mais).
Faça o passeio de barco de Arraial do Cabo, mas se você passa mal como eu, tome um remédio para enjôo porque o passeio é muito longo, quase 4 horas. Se você vai num feriado de 4 dias por exemplo, em apenas um dia conhecerá 3 praias lindas (Forno, Prainha do Pontal e Ilha do farol).
Não há dica para fugir dos engarrafamentos, tenha paciência e pense que vale a pena ;-)
Bom, essas são minhas dicas... A minha experiências neste ano foi indescritível. Estar perto da natureza e a contemplação que ela nos causa traz uma paz de espírito que carregamos para sempre. É algo que se leva para vida, não há dinheiro que possa comprar isso, nem fotos que possam capturar o sentimento. Posso dizer que nesta viagem, voltei outra pessoa. Fui juntando os cacos e retornei uma pessoa inteira. Tem uma música do Chico Buarque que diz o seguinte: "Se amanhã esse chão que beijei for meu leito e perdão / Vou saber que valeu delirar e morrer de paixão".
Tenho pensado muito nesses versos. A vida nos ensina que ela sempre continua, e que o tempo não deve ser desrespeitado. Por mais que a gente se machuque nessa estrada, a beleza do percurso compensa a caminhada. E a surpresa que vem da doçura da ignorância é essa: a cada queda nos imaginamos para sempre derrotados, até que a vida desvela a mais bela borboleta pousada em nosso ombro.
Às vezes mudamos sem perceber, e outras vezes não precisamos mudar, apenas nos abrir, e isso leva tempo. Mas, quando respeitamos isso em nosso âmago, nos abrimos naturalmente, até que um dia percebemos que aquela dor lancinante já não machuca tanto. Percebemos que a ferida que outrora considerávamos mortal, pode é nos fazer mais fortes, como dizia Nietzsche. Aprendemos.
Mas, para aprender é necessário se abrir ao outro, deixar com que a vida ensine a esperar, a ter resiliência. Tudo passa. "Não se entra duas vezes no mesmo rio. Pois quando se entra nele novamente, já não são as mesmas águas." (Heráclito), nem somos nós os mesmos, quando entramos no mesmo rio. Tudo tem seu tempo determinado, quando entendemos isso, somos mais felizes, somos mais maduros e estamos em paz.
Só tenho a agradecer por não ter me deixado desistir...
Que venha 2016!!! Feliz ano novo a todos vocês...
E então chegou 2016. Sobrevivi a um ano conturbado, mas ao mesmo tempo de uma mesmice que não quero repetir neste que se inicia. E o início dele já me abriu a uma perspectiva linda. Hoje quero dizer a vocês que visitem a região dos lagos do Rio de Janeiro. Vocês não serão mais os mesmos depois dessa viagem. Eu cresci no Rio de Janeiro, sempre tive vizinhos com casas em Araruama, Saquarema, São Pedro da Aldeia: sim, eu só conhecia gente com casa em lugar mais modesto porque eu sempre fui muito pobre. E justamente por isso nunca tinha ido à região dos lagos. Mas poderia ter ido há mais tempo, não sei porque não fui. Não vem ao caso. Fui no reveillon 2014/2015 e fui agora novamente. É bom ir a um mesmo lugar duas vezes em pouco tempo porque torna-se possível re-conhecer o lugar, mas desta vez já sabendo como evitar todos os problemas de viajar para regiões turísticas em alta temporada. Então, a minha primeira dica seria essa: não vá na alta temporada. O melhor mês do ano para visitar essa região é março. Terminada a alta temporada e ainda com dias bonitos de sol e calor. Mas, se você assim como eu, só puder ir nos meses mais cheios, eu deixo algumas dicas:
Ande sempre com dinheiro. Especialmente em Arraial do Cabo quase não há caixas eletrônicos e o sinal de celular é péssimo, o que torna também escassa a oferta de estabelecimentos que aceitam cartões.
Por nada neste mundo deixe de visitar a praia do forno de Arraial do Cabo, porque dificilmente vocês verão uma praia mais bonita na vida.
Escolha um belo dia de sol para ver o pôr-do-sol do Pontal do Atalaia, também em Arraial.
Fuja das praias mais famosas, como por exemplo Geribá (Búzios), não tem nada demais lá, só uma praia lotada de turistas e ondas para surfistas. O mesmo serve para Praia Grande em Arraial e também a praia do forte que fica em Cabo Frio. Claro que se você tiver um mês para rodar por lá, vale a pena conhecer tudo, mas se tiver poucos dias, aproveite melhor.
A praia das conchas de Cabo Frio tem uma subidinha entre as pedras que vale a pena o risco, é uma vista magnífica! O risco é só escorregar e pagar mico.
Ao visitar a praia do forno, vá pela trilha, pois o visual é encantador. E a trilha é bem suave, vi até senhorinhas subindo.
Estacionamento é um problema. Arraial do Cabo é bom ir sempre cedo, perto das 8h da manhã. Deixar o carro na rua não é problema, mas de manhã cedo o preço é melhor, dez ou vinte reais para o dia todo. Deixe o carro ali, você não precisará dele e chegará mais rápido aos lugares andando.
Leve repelente, não importa onde estiver hospedado, leve repelente.
Em Búzios, a praia da Tartaruga é uma boa pedida. Comi um peixe (anchova) na brasa delicioso no quiosque por do sol, mas há também um restaurante na areia da praia (caso você esteja disposto a pagar um pouco mais).
Faça o passeio de barco de Arraial do Cabo, mas se você passa mal como eu, tome um remédio para enjôo porque o passeio é muito longo, quase 4 horas. Se você vai num feriado de 4 dias por exemplo, em apenas um dia conhecerá 3 praias lindas (Forno, Prainha do Pontal e Ilha do farol).
Não há dica para fugir dos engarrafamentos, tenha paciência e pense que vale a pena ;-)
Bom, essas são minhas dicas... A minha experiências neste ano foi indescritível. Estar perto da natureza e a contemplação que ela nos causa traz uma paz de espírito que carregamos para sempre. É algo que se leva para vida, não há dinheiro que possa comprar isso, nem fotos que possam capturar o sentimento. Posso dizer que nesta viagem, voltei outra pessoa. Fui juntando os cacos e retornei uma pessoa inteira. Tem uma música do Chico Buarque que diz o seguinte: "Se amanhã esse chão que beijei for meu leito e perdão / Vou saber que valeu delirar e morrer de paixão".
Tenho pensado muito nesses versos. A vida nos ensina que ela sempre continua, e que o tempo não deve ser desrespeitado. Por mais que a gente se machuque nessa estrada, a beleza do percurso compensa a caminhada. E a surpresa que vem da doçura da ignorância é essa: a cada queda nos imaginamos para sempre derrotados, até que a vida desvela a mais bela borboleta pousada em nosso ombro.
Às vezes mudamos sem perceber, e outras vezes não precisamos mudar, apenas nos abrir, e isso leva tempo. Mas, quando respeitamos isso em nosso âmago, nos abrimos naturalmente, até que um dia percebemos que aquela dor lancinante já não machuca tanto. Percebemos que a ferida que outrora considerávamos mortal, pode é nos fazer mais fortes, como dizia Nietzsche. Aprendemos.
Mas, para aprender é necessário se abrir ao outro, deixar com que a vida ensine a esperar, a ter resiliência. Tudo passa. "Não se entra duas vezes no mesmo rio. Pois quando se entra nele novamente, já não são as mesmas águas." (Heráclito), nem somos nós os mesmos, quando entramos no mesmo rio. Tudo tem seu tempo determinado, quando entendemos isso, somos mais felizes, somos mais maduros e estamos em paz.
Só tenho a agradecer por não ter me deixado desistir...
Que venha 2016!!! Feliz ano novo a todos vocês...
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