A vida é bela.
A vida é uma piada de mau gosto.
A vida é frágil.
A vida é fácil.
A vida é louca.
Pergunte o que é a vida para quem não precisa acordar cedo e mora em frente ao mar.
Pergunte o que é a vida para uma jovem negra e pobre com três filhos pra criar e nenhum pai.
Amor à vida é uma escolha ou privilégio?
Amar a vida é esforço ou inerente ao humano?
A fragilidade do ser e a finitude sempre me foram temas caros, mas conforme fui envelhecendo esses temas passaram de reflexão filosófica à preocupação. A vida há muito deixou de ser um peso e ganhou nova roupagem. E desde então tornou-se indispensável.
É difícil pensar que para tantas pessoas a vida não faça diferença. É tanta dor e sofrimento que mais um dia, menos um mês, não importa. E tudo ao redor perde o sentido.
Às vezes a vida é apenas uma obrigação.
Mas, a despeito de tudo isso, todos tememos a morte. Porque não sabemos onde isso vai nos levar. Fomos levados a crer na morte como um evento separado da vida, e isso a torna tão difícil.
O pós-morte assusta pelo desconhecido. E esse desconhecido amedronta tanto que, mesmo tecendo todas as teorias científicas para comprovar que não há nada além da morte, ainda assim, bem no fundo, tendemos a acreditar em algo. Algum lugar que vá nos receber quando partirmos.
Nada nem ninguém nos prepara para lidar com a morte. Frente a ela ficamos paralisados. É como estou.
Cresci com dois pais. Perdi um há dez anos. E agora estou perdendo o outro. Perder alguém para o câncer é um processo muito doloroso que nos coloca diante do real da morte muito antes de efetivamente perder o alguém que amamos. A gente vive luto várias vezes. Quando da notícia, que é uma sentença de morte, quando todos os procedimentos médicos não geram o resultado esperado. Quando chega a notícia que ninguém quer escutar: "não há mais nada a ser feito".
Você meu padrasto tinha tantos defeitos! Como eu criticava seu jeito de levar a vida, suas opiniões que não aceitavam argumentos, sua maneira esquisita de amar. Você me amou. Deu de si o que nem meu pai havia me dado: esperança.
Você me sufocava tentando me proteger, eu não entendia.
Eu discordava de tudo! Éramos opostos. Mas, uma coisa você me ensinou, nunca desista de lutar... Você me ensinou garra e perseverança. E fé em mim, na minha força.
Eu me tornei o que você temia que eu não conseguisse, eu cheguei "lá". E sei que você soube disso em vida e se orgulhou muito disso.
Mesmo com todas as diferenças eu te amei muito! Estive ao seu lado até hoje, quando me despedi de você para sempre.
Vou te levar comigo...
Obrigada. Adeus.
A vida é uma piada de mau gosto.
A vida é frágil.
A vida é fácil.
A vida é louca.
Pergunte o que é a vida para quem não precisa acordar cedo e mora em frente ao mar.
Pergunte o que é a vida para uma jovem negra e pobre com três filhos pra criar e nenhum pai.
Amor à vida é uma escolha ou privilégio?
Amar a vida é esforço ou inerente ao humano?
A fragilidade do ser e a finitude sempre me foram temas caros, mas conforme fui envelhecendo esses temas passaram de reflexão filosófica à preocupação. A vida há muito deixou de ser um peso e ganhou nova roupagem. E desde então tornou-se indispensável.
É difícil pensar que para tantas pessoas a vida não faça diferença. É tanta dor e sofrimento que mais um dia, menos um mês, não importa. E tudo ao redor perde o sentido.
Às vezes a vida é apenas uma obrigação.
Mas, a despeito de tudo isso, todos tememos a morte. Porque não sabemos onde isso vai nos levar. Fomos levados a crer na morte como um evento separado da vida, e isso a torna tão difícil.
O pós-morte assusta pelo desconhecido. E esse desconhecido amedronta tanto que, mesmo tecendo todas as teorias científicas para comprovar que não há nada além da morte, ainda assim, bem no fundo, tendemos a acreditar em algo. Algum lugar que vá nos receber quando partirmos.
Nada nem ninguém nos prepara para lidar com a morte. Frente a ela ficamos paralisados. É como estou.
Cresci com dois pais. Perdi um há dez anos. E agora estou perdendo o outro. Perder alguém para o câncer é um processo muito doloroso que nos coloca diante do real da morte muito antes de efetivamente perder o alguém que amamos. A gente vive luto várias vezes. Quando da notícia, que é uma sentença de morte, quando todos os procedimentos médicos não geram o resultado esperado. Quando chega a notícia que ninguém quer escutar: "não há mais nada a ser feito".
Você meu padrasto tinha tantos defeitos! Como eu criticava seu jeito de levar a vida, suas opiniões que não aceitavam argumentos, sua maneira esquisita de amar. Você me amou. Deu de si o que nem meu pai havia me dado: esperança.
Você me sufocava tentando me proteger, eu não entendia.
Eu discordava de tudo! Éramos opostos. Mas, uma coisa você me ensinou, nunca desista de lutar... Você me ensinou garra e perseverança. E fé em mim, na minha força.
Eu me tornei o que você temia que eu não conseguisse, eu cheguei "lá". E sei que você soube disso em vida e se orgulhou muito disso.
Mesmo com todas as diferenças eu te amei muito! Estive ao seu lado até hoje, quando me despedi de você para sempre.
Vou te levar comigo...
Obrigada. Adeus.
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