um outro mundo possível?

 Felizes aqueles que conseguem, ainda, dedicar um momento a si próprio,
Só pra ser feliz, só pra ter satisfação sem ninguém ver.
É estranho isso, como nos tornamos essas pessoas que não param para se perceber e 
pra perceber o mundo ao redor.
A natureza permanece em seus ciclos independente dos nossos cliques.
A gente permanece em nosso ciclo único, fechado em si mesmo, retornando sempre ao mesmo lugar, nós.
Fico sempre me perguntando sobre esse prazer compartilhado. Como será que lidávamos com nossa insatisfação pessoal antes?
Antes de implorar constantemente pelo reconhecimento alheio?
Sinceramente não me lembro
E não se trata só de compartilhar cada momento, mas também de consumir os momentos alheios ao invés de construir os próprios.
Não sei. Às vezes tudo mudou mesmo e nós, que somos uma geração do “meio do caminho”, vamos precisar entender isso.
Outro dia vi um documentário de um artista, e ele contava que em 1997, quando foi fazer um show, ele estava em início de carreira e, apesar de estar muito famoso, muitas pessoas de outros estados não conheciam seu rosto…
Outro mundo! Mas são “só” 24 anos.
Curioso como a gente tem a sensação de que até o passar do tempo se alterou.
Imagina quantas mudanças ocorreram entre, sei lá, vou colocar os meus primeiros 24 anos de vida, assim vou saber falar melhor, de 1981 até 2005.
A década de 80, com certeza, chacoalhou o Brasil. A ditadura acabou, votamos pra presidente depois de 25 anos. Conquistamos a Constituição cidadã e o Sistema Único de Saúde na marra, com sangue no olho e muita luta. Chegou a tal da internet e sacudiu o país e a forma de fazer negócios e se relacionar.
E o bug do milênio? Que loucura foi aquilo.
E os avanços científicos? Neurociência, mapeamento de DNA, clonagem, fertilização in vitro, células-tronco…
A gente tem a sensação de que o tempo hoje passa mais rápido porque somos, constantemente, obrigados a estar cada vez mais velozes. E também porque temos desenvolvido uma tendência a medir o mundo pela lente da tecnologia.
Mas, a tecnologia é só uma parte desse mundão. Nós é que permitimos que ela se torne algo insubstituível, quando na verdade, o insubstituível é o que nos cerca, e que a tecnologia não pode simular.
O canto de um pintassilgo ou da Elis Regina, por exemplo.
Mas, e se toda beleza do mundo só existir porque somos conscientes dela?
Eita perguntazinha capciosa essa que Matrix nos colocou…

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