- Foi melhor assim.
Disseste-me tacitamente. Quanto aos meus sonhos: todos em vão. Em vão guardarei seus olhares. Em vão lembrarei as palavras que não calavam em meu âmago:
“perdidos estão todos entre tuas palavras (...)
(...) minha alma cabe dentro de ti”
Às vezes a dor é tamanha que nos consegue travar todas as saídas. Já não há mais choro, não há mais clamor; já não há mais ira, apenas o imenso e paralisante sentimento de completo vazio. A caneta e o papel sôfregos, à espera de um sinal. À espera de algo, um grito, uma lágrima, uma lástima. Nada. Tudo é vazio. Como poderia explicar o quanto o nada dói nesta alma condenada à ruína?
Olhando em seus olhos uma última vez vejo o reflexo de meu próprio rosto envelhecido.
- Você não mudou nada. Ofende-me sem razão.
Nunca percebeste que a paixão é amor e ódio, é grito e pranto, uma súplica, prece fervorosa de quem atenta contra a própria vida. Onde não há danos, nunca houve paixão.
Tormento semelhante ao do Cristo crucificado, apaixonado.
Peço-lhe perdão. Não quis magoar-lhe. Desejo apenas que não me esqueça. Repita meu nome a si mesmo sucessivamente. Mantenha-me em sua mente, em sua alma, e se possível for, por favor, não me arranque de seu corpo, pois desejo até o fim ser para ti o que sempre serás para mim.

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