É realmente triste. Mas o fato é que ele já não se lembra desde quando vive, em sonho, no passado. Este passado que não lhe pertence, mas pertenceu a alguém. Este alguém que já não está ao seu lado.
Fato é que além dessa, muitas histórias já deve ter ouvido e continua o mesmo José. Aquele que pensa ser sua vida tão sem graça, que até uma história qualquer de ônibus torna-se potencialmente mais divertida.
Aquele que só sai de casa pra ir a algum lugar, nunca para ver as pessoas, sua intenção é caminhar em direção ao nada.
Já não sabe mais a quem iludir. Todos os livros na estante e a imagem de intelectual, vivendo a discussão até o limite... É preciso descobrir algo. Algum sentido.
A quem ele quer enganar? Nem sabe bem.
Porque não sucumbir à resignação?
Penso que a beleza humana está justamente aí. Estamos sempre à espera de algo, um minuto a mais, só mais um pouco de paz, razões, amor, perdão... E isso faz valer a pena. Esse talvez seja o sentido.
Um dia alguém lhe pediu para escrever sem parar, o máximo de palavras que pudessem ser escritas: escrever, escrever, escrever... Parar, colocar os pensamentos em ordem, tentar encontrar um atalho para que saiam sem maiores danos. E escrever, escrever, escrever.
E depois ler tudo.
Bem, temos tentado.
Não sabemos o que dizer a respeito do nada.
Não leve a mal... Se você acha melhor rir disso tudo.

Comentários

Postagens mais visitadas