Sobre o tempo e a saudade da maré...
Resolvi. Este blog a partir de agora vai pegar bem mais leve... Por ora...
A nostalgia não me deixou, mas... ainda muito longe de sucumbir à angústia, agradeço por não estar no momento produzindo nada melancólico, embora particularmente eu acredite que escrevo melhor sobre a tristeza e sob a tristeza.
Enfim... hoje vou falar sobre esta cidade.
É uma boa cidade. Não diria bela, mas é uma boa cidade. Também não diria ser acolhedora, mas é uma boa cidade... Não há como dizer que seu povo é receptivo, mas é uma boa cidade. Resumindo: é uma cidade que eu aprendi a amar, a despeito dessas coisas. Definitivamente não seria possível explicar porque eu me sinto tão bem aqui. Mas posso tentar. Aqui eu encontrei saída para tanta coisa que me sufocava! Talvez nem seja a cidade, e provavelmente não é... Talvez seja o tempo. Talvez já fosse meu tempo...
Mas tempo é uma das coisas que odeio nesta cidade, uma das poucas coisas... Não o tempo cronológico, mas o tempo meteorológico... Chega uma fase do ano que chove toda tarde... E é sempre quando estamos na hora mais feliz do dia: saindo do trabalho.
Aqui chove tanto, que às vezes eu tenho a nítida impressão de que com o transcorrer da evolução as criancinhas desta cidade vão nascer possuindo guelras... Seria muito útil para uma eventual inundação municipal.
É uma cidade pequena. Na verdade não é; é uma cidade de médio porte. Mas conserva características típicas de cidade pequena... Alguns motoristas de ônibus param no meio da rua para conversar... Eu acho isso bonito, mas na primeira vez quase gritei: Vambora!
Coisa de gente de cidade grande onde todo mundo tem pressa, mas pouca gente sabe porque.
Aqui nesta cidade eu fiz raros amigos. Será dificil abrir mão deles. Mas essa é a vida que temos... e ela transcorre em ciclos... como um circo... Você entra junto com uma multidão, senta, assiste vários quadros... palhaços que falam sobre sei lá o que... se assusta com leões... e depois você vai embora junto com aquela multidão, e aí, outra multidão entra e assiste aos mesmos quadros, palhaços e leões... o circo seria o espaço vital, a multidão seria uma geração, os quadros seriam os ciclos de nossa existência... Bem, os palhaços e leões vocês mesmos nomeiem, pois cada um tem os seus... e esta metáfora obviamente não é minha, é de Shoppenhauer, mas eu não me lembro como ele a escreveu... foi mais ou menos assim, eu parafraseei.
Esta é uma cidade sem mar... Nunca pensei que sentiria falta do mar... Mas sinto.
Eu não sei que influência o mar tem nas pessoas que vivem em cidades litorâneas... mas sei que existe... E acho que o tempo também influencia... Pessoas que moram em cidades mais quentes e litorâneas são mais descontraídas, já vi pesquisas sobre isso... Mas não sei se acredito em pesquisas... a indução me incomoda.
E acho que é isso: sinto falta de meus pais brigando comigo porque eu não queria acompanhá-los até a praia... Sinto falta da parafernália que eu levava sempre à praia para me esconder do sol. Sinto falta do quanto a areia me incomodava... sinto falta do quanto me incomodava a ardência depois de um dia de praia, a dificuldade de encontrar uma posição para dormir.
Mas, principalmente... Sinto falta de sentar na areia e olhar o horizonte sentindo a onda bater na ponta dos pés... Sinto falta de saber que a praia estava lá, e que em vinte minutos eu estaria com os pés na areia. Sinto falta da brisa e da maré subindo. Sinto falta do caminho que às vezes a gente fazia lá por aquela estrada de onde dá pra ver a praia de cima. Sinto falta do condomínio que tinha aquela padaria onde a gente comia pão com mortadela depois da praia. Sinto falta de jogar futebol na areia, das crianças fazendo castelos, da canga do flamengo que causava discórdia e aplausos quando aberta...
Mas, ainda assim... sinto-me feliz aqui... onde sento de frente para uma praça, bebo café e jogo conversa fora com pessoas que amo tanto.
Aqui onde encontrei pessoas com as quais sinto-me tão bem que toda minha alegria descontente ganha sentido.
À vocês (e vocês sabem quem são):
Todo meu carinho!
A nostalgia não me deixou, mas... ainda muito longe de sucumbir à angústia, agradeço por não estar no momento produzindo nada melancólico, embora particularmente eu acredite que escrevo melhor sobre a tristeza e sob a tristeza.
Enfim... hoje vou falar sobre esta cidade.
É uma boa cidade. Não diria bela, mas é uma boa cidade. Também não diria ser acolhedora, mas é uma boa cidade... Não há como dizer que seu povo é receptivo, mas é uma boa cidade. Resumindo: é uma cidade que eu aprendi a amar, a despeito dessas coisas. Definitivamente não seria possível explicar porque eu me sinto tão bem aqui. Mas posso tentar. Aqui eu encontrei saída para tanta coisa que me sufocava! Talvez nem seja a cidade, e provavelmente não é... Talvez seja o tempo. Talvez já fosse meu tempo...
Mas tempo é uma das coisas que odeio nesta cidade, uma das poucas coisas... Não o tempo cronológico, mas o tempo meteorológico... Chega uma fase do ano que chove toda tarde... E é sempre quando estamos na hora mais feliz do dia: saindo do trabalho.
Aqui chove tanto, que às vezes eu tenho a nítida impressão de que com o transcorrer da evolução as criancinhas desta cidade vão nascer possuindo guelras... Seria muito útil para uma eventual inundação municipal.
É uma cidade pequena. Na verdade não é; é uma cidade de médio porte. Mas conserva características típicas de cidade pequena... Alguns motoristas de ônibus param no meio da rua para conversar... Eu acho isso bonito, mas na primeira vez quase gritei: Vambora!
Coisa de gente de cidade grande onde todo mundo tem pressa, mas pouca gente sabe porque.
Aqui nesta cidade eu fiz raros amigos. Será dificil abrir mão deles. Mas essa é a vida que temos... e ela transcorre em ciclos... como um circo... Você entra junto com uma multidão, senta, assiste vários quadros... palhaços que falam sobre sei lá o que... se assusta com leões... e depois você vai embora junto com aquela multidão, e aí, outra multidão entra e assiste aos mesmos quadros, palhaços e leões... o circo seria o espaço vital, a multidão seria uma geração, os quadros seriam os ciclos de nossa existência... Bem, os palhaços e leões vocês mesmos nomeiem, pois cada um tem os seus... e esta metáfora obviamente não é minha, é de Shoppenhauer, mas eu não me lembro como ele a escreveu... foi mais ou menos assim, eu parafraseei.
Esta é uma cidade sem mar... Nunca pensei que sentiria falta do mar... Mas sinto.
Eu não sei que influência o mar tem nas pessoas que vivem em cidades litorâneas... mas sei que existe... E acho que o tempo também influencia... Pessoas que moram em cidades mais quentes e litorâneas são mais descontraídas, já vi pesquisas sobre isso... Mas não sei se acredito em pesquisas... a indução me incomoda.
E acho que é isso: sinto falta de meus pais brigando comigo porque eu não queria acompanhá-los até a praia... Sinto falta da parafernália que eu levava sempre à praia para me esconder do sol. Sinto falta do quanto a areia me incomodava... sinto falta do quanto me incomodava a ardência depois de um dia de praia, a dificuldade de encontrar uma posição para dormir.
Mas, principalmente... Sinto falta de sentar na areia e olhar o horizonte sentindo a onda bater na ponta dos pés... Sinto falta de saber que a praia estava lá, e que em vinte minutos eu estaria com os pés na areia. Sinto falta da brisa e da maré subindo. Sinto falta do caminho que às vezes a gente fazia lá por aquela estrada de onde dá pra ver a praia de cima. Sinto falta do condomínio que tinha aquela padaria onde a gente comia pão com mortadela depois da praia. Sinto falta de jogar futebol na areia, das crianças fazendo castelos, da canga do flamengo que causava discórdia e aplausos quando aberta...
Mas, ainda assim... sinto-me feliz aqui... onde sento de frente para uma praça, bebo café e jogo conversa fora com pessoas que amo tanto.
Aqui onde encontrei pessoas com as quais sinto-me tão bem que toda minha alegria descontente ganha sentido.
À vocês (e vocês sabem quem são):
Todo meu carinho!
Comentários
acho mesmo q sao as pessoas q encontramos por aki..
fico mto feliz de fazer parte disso tudo aíi q vc escreveu
d verdade
bjO!
Ah! Eu lembro do pão com mortadela na padaria lá da barra ...
E dos dias que íamos a praia com chuva, eu vc e o dani ...
Vida que não volta prima ...