O Produto desta Atividade Mental: Conversas sobre apolítica...
A política é a arte do debate. Nasce no berço do debate, berço grego diga-se de passagem...
A política de Platão e de Aristóteles se fazia pelas ruas da cidade... O primeiro tinha, inicialmente, uma concepção da 'cidade perfeita', onde os filósofos, os sábios, seriam os responsáveis pelo governo da cidade, no intento de atingir o bem comum. Por fim, Platão desacredita desta possibilidade, muito por conta da crise política que atingiu a Atenas de seu tempo.
Aristóteles via a política como a ciência maior, todas as outras se subordinavam a ela, uma vez que à política era reservado o papel de constituir o bem de todos. E Aristóteles era um filósofo que acreditava que todos os homens tendiam para o bem. E todas as atividades do homem tinham este intento. Alcançar o bem.
Estes dois filósofos, responsáveis pelo pensamento político grego, pensavam diferente em alguns aspectos, mas há um consenso no pensamento político dos dois: a política é a arte do debate. Justamente por isso, a partir de Platão e Aristóteles, não há como pensar uma reforma política, pois isso seria uma redundância. Se a política é a arte do debate e visa o bem comum, a reforma é intrínseca ao exercício do pensamento político.
Só se pode pensar reforma de uma política específica. Mas aí temos outro problema, o qual Alain Badiou salientou: "Pensar a política hoje é sempre pensar uma certa política". Porque a política foi completamente dominada pela economia, não à toa, já existe dentro da ciência política uma subdivisão 'economia política'. Pensar uma economia política é um contrasenso, pois na tradição grega, ou seja, a base do pensamento político, a política jamais poderia ser dominada pela economia, visto que esta última visa a interesses particulares, e a política o bem comum.
Mas seria possível atingir o bem comum?
Esta é a crítica que Lacan faz ao filósofo Aristóteles, e mais especificamente ao seu pensamento político, seu pensamento acerca da pólis. Lacan vai dizer que pensar o bem comum é exterminar o desejo. Postula que a ética proposta por Aristóteles é dominada por uma moral que supostamente conduziria a temperança e ao bem, ao qual todos os homens tendem.
Uma frase capital de Lacan acerca disso é proferida em sua entrevista publicada com o título Televisão: "O bem-dizer não diz onde está o Bem". O que isso quer dizer? que o bem-dizer do sujeito acerca de seu mal-estar não aponta para este Bem normatizado proposto por Aristóteles. Quer dizer, ancorando-nos em Freud e sua obra Mal-estar na civilização, que o homem não tem uma tendência para o bem, muito pelo contrário; a estrutura da linguagem, que recorta seu corpo e o conduz a um eterno desarranjo, não poderia conduzi-lo ao bem. E a história de Édipo é capital para Lacan defender tal postulado em seu seminário sobre a ética da psicanálise. A dimensão trágica da experiência humana. É como Lacan descreve a história de Édipo.
Mas isso é assunto pra outra conversa...
A política de Platão e de Aristóteles se fazia pelas ruas da cidade... O primeiro tinha, inicialmente, uma concepção da 'cidade perfeita', onde os filósofos, os sábios, seriam os responsáveis pelo governo da cidade, no intento de atingir o bem comum. Por fim, Platão desacredita desta possibilidade, muito por conta da crise política que atingiu a Atenas de seu tempo.
Aristóteles via a política como a ciência maior, todas as outras se subordinavam a ela, uma vez que à política era reservado o papel de constituir o bem de todos. E Aristóteles era um filósofo que acreditava que todos os homens tendiam para o bem. E todas as atividades do homem tinham este intento. Alcançar o bem.
Estes dois filósofos, responsáveis pelo pensamento político grego, pensavam diferente em alguns aspectos, mas há um consenso no pensamento político dos dois: a política é a arte do debate. Justamente por isso, a partir de Platão e Aristóteles, não há como pensar uma reforma política, pois isso seria uma redundância. Se a política é a arte do debate e visa o bem comum, a reforma é intrínseca ao exercício do pensamento político.
Só se pode pensar reforma de uma política específica. Mas aí temos outro problema, o qual Alain Badiou salientou: "Pensar a política hoje é sempre pensar uma certa política". Porque a política foi completamente dominada pela economia, não à toa, já existe dentro da ciência política uma subdivisão 'economia política'. Pensar uma economia política é um contrasenso, pois na tradição grega, ou seja, a base do pensamento político, a política jamais poderia ser dominada pela economia, visto que esta última visa a interesses particulares, e a política o bem comum.
Mas seria possível atingir o bem comum?
Esta é a crítica que Lacan faz ao filósofo Aristóteles, e mais especificamente ao seu pensamento político, seu pensamento acerca da pólis. Lacan vai dizer que pensar o bem comum é exterminar o desejo. Postula que a ética proposta por Aristóteles é dominada por uma moral que supostamente conduziria a temperança e ao bem, ao qual todos os homens tendem.
Uma frase capital de Lacan acerca disso é proferida em sua entrevista publicada com o título Televisão: "O bem-dizer não diz onde está o Bem". O que isso quer dizer? que o bem-dizer do sujeito acerca de seu mal-estar não aponta para este Bem normatizado proposto por Aristóteles. Quer dizer, ancorando-nos em Freud e sua obra Mal-estar na civilização, que o homem não tem uma tendência para o bem, muito pelo contrário; a estrutura da linguagem, que recorta seu corpo e o conduz a um eterno desarranjo, não poderia conduzi-lo ao bem. E a história de Édipo é capital para Lacan defender tal postulado em seu seminário sobre a ética da psicanálise. A dimensão trágica da experiência humana. É como Lacan descreve a história de Édipo.
Mas isso é assunto pra outra conversa...
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