O Produto desta Atividade Mental: O retorno da teoria da caçamba
Este post é a ratificação de: http://alicenopaisdababilonia.blogspot.com/2010/07/hippies-de-hoje.html
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"Tem hora que a gente se pergunta,
Porque é que não se junta tudo numa coisa só..."
Instituído e instituinte. Trata-se da Análise Institucional de Loureau. O primeiro, normas e valores estabelecidos, o segundo contestação e inovação que possibilitam o movimento, mas podem também formar novos valores e regras (e aí passam ao lado do instituído). São duas forças, não exatamente opostas, mas certamente em tensão.
Bom, o que eu penso, é que, no mundo moderno, capitalista, trata-se de uma tensão para transformar todo instituinte em instituído. Na teoria de Loureau não se trata disso, instituinte não quer ser instituído, são duas forças que devem sempre existir na sociedade. Mas o instituinte vive à margem. O que está instituído está também institucionalizado. Importante ressaltar, porque é essa a grande jogada do capitalismo.
O que é institucionalização?
Depende do prisma.
As instituições totais como Igreja, Manicômios e Prisões institucionalizam de forma tirana e opressora, como bem definiu Goffman em seu livro "Manicomios, prisoes e conventos".
Mas há outras formas de se institucionalizar. Um trabalho institucionaliza? Claro que sim!
Basta verificar que em nosso dicionário institucionalizar significa: Dar a alguém ou a qualquer coisa o caráter de uma instituição.
E o que é uma instituição? É qualquer forma de organização com leis, e funcionamento.
Por isso pode-se pensar até na família como instituição.
E no capitalismo também. O capitalismo é uma instituição. E se podemos resumir seu funcionamento, é justamente este: institucionalizar.
De que forma? Transformando toda e qualquer forma de instituinte em instituído, institucionalizado. E podemos ver este movimento no exemplo que a Alice mencionou: o fim do movimento hippie.
Não é só do movimento Hippie, mas também do punk, do movimento de esquerda, do comunismo, do movimento gay, e a lista não se encerra hoje...
E a grande sacada é que esses movimentos não desaparecem simplesmente, eles entram na moda.... Taí a virada que o sistema capitalista imprime na sociedade. Nada está à margem, tudo pode ser jogado nesta grande 'caçamba' e quando ela gira... O 'tudo' vira uma coisa só!
Você pode ser quem você quiser, desde que seja feliz, pois só os felizes consomem.
Este sonoro "você pode ser quem você quiser", (que me faz ouvir um "desde que não seja ninguém").
Hoje em dia nem o louco consegue ser marginalizado, excluído, como foi por séculos! Um forte movimento travestido pelo significante da 'inclusão social', que na minha opinião é mais uma vertente da exclusão, porque qualquer 'inclusão' que obrigue todos a estarem 'incluídos', não deixa de ser uma forma de exclusão, visto que nem todos querem se 'incluir'. Mas isso é papo pra outra conversa.
Ninguém mais é marginalizado. Isso é bom pra sociedade? Alguns dirão que sim, mas é preciso também pensar num certo movimento do qual a sociedade depende para continuar evoluindo. E é esse movimento de tensão entre instituído e instituinte, sem um movimento de contestação da ordem, e até mesmo de chegada ao caos, não há criação, só há conformismo, marasmo e inércia.
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Forte abraço Alice. Adorei o post.
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"Tem hora que a gente se pergunta,
Porque é que não se junta tudo numa coisa só..."
Instituído e instituinte. Trata-se da Análise Institucional de Loureau. O primeiro, normas e valores estabelecidos, o segundo contestação e inovação que possibilitam o movimento, mas podem também formar novos valores e regras (e aí passam ao lado do instituído). São duas forças, não exatamente opostas, mas certamente em tensão.
Bom, o que eu penso, é que, no mundo moderno, capitalista, trata-se de uma tensão para transformar todo instituinte em instituído. Na teoria de Loureau não se trata disso, instituinte não quer ser instituído, são duas forças que devem sempre existir na sociedade. Mas o instituinte vive à margem. O que está instituído está também institucionalizado. Importante ressaltar, porque é essa a grande jogada do capitalismo.
O que é institucionalização?
Depende do prisma.
As instituições totais como Igreja, Manicômios e Prisões institucionalizam de forma tirana e opressora, como bem definiu Goffman em seu livro "Manicomios, prisoes e conventos".
Mas há outras formas de se institucionalizar. Um trabalho institucionaliza? Claro que sim!
Basta verificar que em nosso dicionário institucionalizar significa: Dar a alguém ou a qualquer coisa o caráter de uma instituição.
E o que é uma instituição? É qualquer forma de organização com leis, e funcionamento.
Por isso pode-se pensar até na família como instituição.
E no capitalismo também. O capitalismo é uma instituição. E se podemos resumir seu funcionamento, é justamente este: institucionalizar.
De que forma? Transformando toda e qualquer forma de instituinte em instituído, institucionalizado. E podemos ver este movimento no exemplo que a Alice mencionou: o fim do movimento hippie.
Não é só do movimento Hippie, mas também do punk, do movimento de esquerda, do comunismo, do movimento gay, e a lista não se encerra hoje...
E a grande sacada é que esses movimentos não desaparecem simplesmente, eles entram na moda.... Taí a virada que o sistema capitalista imprime na sociedade. Nada está à margem, tudo pode ser jogado nesta grande 'caçamba' e quando ela gira... O 'tudo' vira uma coisa só!
Você pode ser quem você quiser, desde que seja feliz, pois só os felizes consomem.
Este sonoro "você pode ser quem você quiser", (que me faz ouvir um "desde que não seja ninguém").
Hoje em dia nem o louco consegue ser marginalizado, excluído, como foi por séculos! Um forte movimento travestido pelo significante da 'inclusão social', que na minha opinião é mais uma vertente da exclusão, porque qualquer 'inclusão' que obrigue todos a estarem 'incluídos', não deixa de ser uma forma de exclusão, visto que nem todos querem se 'incluir'. Mas isso é papo pra outra conversa.
Ninguém mais é marginalizado. Isso é bom pra sociedade? Alguns dirão que sim, mas é preciso também pensar num certo movimento do qual a sociedade depende para continuar evoluindo. E é esse movimento de tensão entre instituído e instituinte, sem um movimento de contestação da ordem, e até mesmo de chegada ao caos, não há criação, só há conformismo, marasmo e inércia.
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Forte abraço Alice. Adorei o post.
Comentários
;]
Pois é...
difícil abrir os olhos e ver uma sociedade que [re]cria termos e conceitos pra algo que se transforma mas que nunca muda.
São só novas palavras, suavizadas ou não, pra te convencer de que não adianta... que sua escravização é inevitável, que não há o que fazer, nem pra onde correr, que a luz no fim do túnel nunca chega.
Comodismos.
Talvez esta seja uma luta a ser travada muito além da natureza físico-burocrática que nos é peculiar.
Digo isso porque até as esperanças da revolução, este sistema já se deu o prazer de esterilizar.
=*