Estado Laico?


Pelo que temos visto nestas eleições, será que podemos dizer que que nosso Estado é laico?

O laicismo é uma doutrina filosófica que defende e promove a separação do Estado das igrejas e comunidades religiosas, assim como a neutralidade do Estado em matéria religiosa.
Os princípios do laicismo são a liberdade de consciência, a igualdade entre cidadãos em matéria religiosa, e a origem humana e democraticamente estabelecida das leis do Estado.
Esta corrente surge a partir dos abusos que foram cometidos pela intromissão de correntes religiosas na política das nações e nas Universidades pós-medievais. A afirmação de Max Weber de que "Deus é um tipo ideal criado pelo próprio homem", demonstra a ânsia por deixar de lado a forte influência religiosa percebida na Idade Média, em busca do fortalecimento de um Estado laico. O laicismo teve seu auge no fim do século XIX e no início do século XX.


Esta imagem acima é de um dos mais de 600 outdoors que o pastor Silas Malafaia espalhou pela cidade do Rio de Janeiro.
Silas Malafaia é um pastor, recentemente expulso da Convenção das Assembleia de Deus, que fundou seu próprio ministério, denominado Vitoria em Cristo. A Convenção das Ass. de Deus alega que Silas foi desligado porque sua conduta não mais estava de acordo com as doutrinas desta igreja. Silas inclusive se apoderou da sede da igreja na Penha, RJ.
Desde a decada de 90 o pastor é famoso por seu jeito extremista e truculento de impor dogmas religiosos. No início dos anos 2000 foi muito criticado quando fazia um programa de rádio e mandou uma ouvinte, que ligou para criticá-lo, ir "pilotar um fogão", dizendo ser este o "lugar" da mulher.
A família de Silas é ligada à política tanto quanto à religião. Um de seus primos, Moyses Malafaia, foi um pastor famoso, que fundou o Projeto Vida Nova de Irajá, igreja que foi acusada pelos protestentes de ter entre seus ministros um homossexual. Moyses faleceu em 2007.
Um irmão de Silas acaba de ser eleito deputado pelo RJ.
Na disputa pelo primeiro mandato de Lula, Silas Malafaia fez o mesmo que tem feito com Dilma, o acusava de Comunista, Terrorista, e tambem espalhou folhetos em sua igreja com uma foto de Lula com chifres. Isso ninguém me contou, eu recebi um folheto de um amigo que frequentava a igreja dele na Penha.
Antes mesmo de confirmada a eleição de Lula, já na disputa pelo segundo turno, quando era nítida a possibilidade de Lula ser eleito, veja o que aconteceu:


O comportamento do pastor na campanha presidencial é digna de algumas observações. Vamos a elas. Afirmou que “Os evangélicos não têm unanimidade de marchar nem com Lula nem com Serra. Nossa unanimidade chama-se Garotinho. Quem falar que os evangélicos estão com Lula ou Serra não tem o respaldo dos ministros evangélicos do País”. Depois se saiu com esta pérola: “Como é que querem colocar para governar o Brasil um camarada que nunca dirigiu uma birosca, uma quitanda?” Referindo-se a Luiz Inácio Lula da Silva. Contudo, logo depois do primeiro turno, Silas bandeou-se para o lado do “camarada que nunca dirigiu uma birosca, uma quitanda”, e foi um dos signatários do Manifesto dos Evangélicos, com os seguintes dizeres: “Apoiamos Lula para Presidente porque reconhecemos que várias propostas do seu Programa de Governo se identificam com a vocação profética da Igreja de Jesus Cristo. A defesa da inclusão social, dos oprimidos, da ética nas relações, da distribuição de renda e da proclamação e busca da justiça e da fraternidade entre as pessoas.
Artigo de 2003, consta em: http://jehozadakpereira.wordpress.com/2007/10/27/silas-malafaia-jabes-alencar-%E2%80%93-os-falastroes/

Agora Silas ataca Dilma... Mas antes atacou Marina, acusando-a de ser a favor da liberação da maconha.
Não se trata de convicções políticas... Muito menos religiosas... Aliás, eu nem vou dizer do que se trata. Acho que este vídeo é o que melhor expressa o real motivo da vida de Silas Malafaia. Eu, como protestante, sinto vergonha:




Em favor da família? Mas da família de quem Sr. Silas?

Bem, na verdade o que penso é que ficou claro nestas eleições que, em matéria de interferência da religião no Estado, a democracia nos pregou uma peça.
Justamente porque existe democracia, porque o povo pode escolher (ou ao menos, gostamos de pensar assim) que acabamos por assistir a uma guerra religiosa pelos votos dos religiosos que são maioria no país.
Por exemplo, Dilma no governo Lula foi quem mais defendeu os direitos dos homossexuais, inclusive convocando a primeira conferência LGBT do país.
É triste. Cito Jean-Claude Maleval: "Não basta opor-se a um sistema de pensamento para romper com a alienação que ele engendra"

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