O Produto desta Atividade Mental: do obscurantismo
A gente perde a capacidade de se impressionar? De se afetar?
Alguém se lembra do “Beleza americana”?
Falo a partir de minha própria subjetividade, pois essa é a única forma: acho que é um filme sobre a des-afetação, sobre o des-afeto. Desafeto é uma palavra interessante. É um significante, e estou pensando aqui agora que talvez aquela mania que o Leonardo Boff tem de decompor as palavras, separá-las por um hífen, deve ser para quebrar nossa cadeia significante, é claro que não é isso, mas estou me permitindo zombar da psicanálise às vezes. Fato é que é totalmente diferente ler desafeto e ler des-afeto. Des-afeto é a escansão de uma palavra. Quando se lê desafeto, lê-se um significante chapado; o que quero dizer: cada um tem um desafeto. E desafeto vai remeter cada um a uma coisa distinta, isso é óbvio. Mas quando se lê des-afeto, não sei... tenho a impressão de ser diferente.
Mas, voltando à “beleza”... O personagem principal deste filme é interessante, porque ele plaina sobre tudo. Ele demonstra um des-afeto que, claro, pode ser uma faceta de um afeto sobre-humano.
E o filme tem vários personagens muito perdidos no meio do que sonharam fazer da vida. Retorno àquela frase que tem ecoado muito pra mim ultimamente: às vezes não basta simplesmente tocar a vida, é preciso tocar na vida.
Será que o tempo nos transforma em des-afetados?
Dia desses, em meio a uma dessas minhas intermináveis viagens dessa minha vida em trânsito, chovia e vimos, do ônibus, um carro que havia deslizado na pista e estava no acostamento. O homem havia saído do carro e, na estrada, pedia por ajuda. O motorista do ônibus, assim como alguns passageiros, tiveram urgência em descobrir se havia algum ferido. O homem respondeu que não. Pronto. Fomos embora, ninguém desceu para ajudá-lo.
Esse é um exemplo pequeno, para me ajudar a dizer que o que percebo é que, frente às situações piores da vida, nós substituímos um “porque?” por um “fazer o que, né?”.
Fazer o que, né?
Bem, se temos para com essa expressão a mesma atitude que o Leonardo Boff tem, a de escansão da palavra, podemos separar o “né”, e a frase toma um outro sentido... ganha um sentido de ação – Fazer o que? Fazer o que implica uma ação. Convoca à ação. Aqui, o “né?” é retórica. É uma expressão que aponta para aquele sentimento que eu já cansei de fazer des-filar por este blog: a resignação; que pode, aqui, ser sinônimo de apatia. E, engraçado é que “né” é a junção de “não” e “é”, que são expressões meio antagônicas.
O “né” aqui é a expressão máxima da resignação e da apatia.
Continua...
Alguém se lembra do “Beleza americana”?
Falo a partir de minha própria subjetividade, pois essa é a única forma: acho que é um filme sobre a des-afetação, sobre o des-afeto. Desafeto é uma palavra interessante. É um significante, e estou pensando aqui agora que talvez aquela mania que o Leonardo Boff tem de decompor as palavras, separá-las por um hífen, deve ser para quebrar nossa cadeia significante, é claro que não é isso, mas estou me permitindo zombar da psicanálise às vezes. Fato é que é totalmente diferente ler desafeto e ler des-afeto. Des-afeto é a escansão de uma palavra. Quando se lê desafeto, lê-se um significante chapado; o que quero dizer: cada um tem um desafeto. E desafeto vai remeter cada um a uma coisa distinta, isso é óbvio. Mas quando se lê des-afeto, não sei... tenho a impressão de ser diferente.
Mas, voltando à “beleza”... O personagem principal deste filme é interessante, porque ele plaina sobre tudo. Ele demonstra um des-afeto que, claro, pode ser uma faceta de um afeto sobre-humano.
E o filme tem vários personagens muito perdidos no meio do que sonharam fazer da vida. Retorno àquela frase que tem ecoado muito pra mim ultimamente: às vezes não basta simplesmente tocar a vida, é preciso tocar na vida.
Será que o tempo nos transforma em des-afetados?
Dia desses, em meio a uma dessas minhas intermináveis viagens dessa minha vida em trânsito, chovia e vimos, do ônibus, um carro que havia deslizado na pista e estava no acostamento. O homem havia saído do carro e, na estrada, pedia por ajuda. O motorista do ônibus, assim como alguns passageiros, tiveram urgência em descobrir se havia algum ferido. O homem respondeu que não. Pronto. Fomos embora, ninguém desceu para ajudá-lo.
Esse é um exemplo pequeno, para me ajudar a dizer que o que percebo é que, frente às situações piores da vida, nós substituímos um “porque?” por um “fazer o que, né?”.
Fazer o que, né?
Bem, se temos para com essa expressão a mesma atitude que o Leonardo Boff tem, a de escansão da palavra, podemos separar o “né”, e a frase toma um outro sentido... ganha um sentido de ação – Fazer o que? Fazer o que implica uma ação. Convoca à ação. Aqui, o “né?” é retórica. É uma expressão que aponta para aquele sentimento que eu já cansei de fazer des-filar por este blog: a resignação; que pode, aqui, ser sinônimo de apatia. E, engraçado é que “né” é a junção de “não” e “é”, que são expressões meio antagônicas.
O “né” aqui é a expressão máxima da resignação e da apatia.
Continua...
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