Aquela saudade que não me cabe e só me causa

Era assim: A maioria morava para o mesmo lado e eles pegavam os mesmos ônibus, e eram várias opções de ônibus, o que é característico de uma grande cidade. Acontecia que os ônibus sempre chegavam no auge da conversa, e então era preciso adiar a partida. Não havia possibilidade de adiar a conversa para o dia seguinte. O dia seguinte nunca existia ou era temido demais para ser pensado. Quem desejava ir embora não o fazia por motivo de força maior, as chaves, mochila ou outro objeto de suma importância era tomado como garantia da permanência daquele "membro" até o fim da conversa.

Bem, não preciso dizer que o ponto de ônibus transformava-se numa balbúrdia todo dia santo e letivo. Era um bando sentado no chão jogando baralho, outros com violão cantando, outros em outros lugares fazendo outras coisas que não vem ao caso comentar. O ponto ficou pequeno, transformou-se na extensão da casa de cada um que ali "comungava". Do ponto passamos à praça... A famosa praça. A galera da praça, saudosa Praça Maracanã.
Mary e Dani, na presença de vocês eu não preciso me explicar. E o que me deixa sem palavras é constatar que a distância se impôs a nós, mas a despeito disso nós nos encontramos e falamos das mesmas coisas. Nós nos conhecemos numa fase de transição total, mas parece que nós acabamos por nos transformar em pessoas muito parecidas, com ideologias parecidas, ideais e idéias semelhantes, a isso eu chamo sintonia. É isso que eu sinto entre nós todas as vezes que estamos juntas. Quando nós sentamos e conversamos parece que a distância e o tempo desaparecem, essas são as instâncias que nos separam: tempo e espaço.
É engraçado, mas eu tenho essa sensação de que num futuro não muito distante eu estarei de volta e tudo será como antes. Vã ilusão a minha... Nada será como antes... Mas ainda assim, devo reconhecer que em mim há muito do que eu vivi com vocês e do que aquele tempo representou pra mim. E por isso, eu só posso agradecer.
Vocês duas são especiais demais. Amo vocês!