Sobre existência e rituais antropofágicos...

Estive pensando hoje em como nós vivemos em função da morte. Existe aquela história de que nós vivemos porque sabemos que vamos morrer, fazemos tudo que fazemos também por isso. Somos os únicos animais que têm consciência da própria morte e é isso que nos faz ser, desde sempre, desamparado. Nesta hora ninguém estará ao nosso lado. Todo ser humano morre sozinho. Existe também discussões acerca da necessidade das religiões darem conta da morte, do além-morte para ser mais específica e nietzschiana. Todas as doutrinas religiosas têm como principal intento dar conta do destino que nos espera após nosso fim irrevogável.
Eu já falei disso aqui no blog, até porque "morte" e "tempo" muito me apavoram, isso também justifica a 'nostalgia'.
E é sobre essas doutrinas religiosas que quero discorrer hoje. Tenho pensado que os grandes rituais religiosos lidam com a morte: a canonização, por exemplo, diz respeito ao ato de atribuir o estatuto de santo a alguém que já era beato. Mas um pequeno pré-requisito é necessário para um candidato a santo: morrer.
Porque a morte confere um caráter de santidade. É preciso passar para o 'outro lado', aquele que permite ver tudo como se fosse a primeira vez. Como uma criança... A bíblia diz isso: "Aquele que não se tornar como uma criança, não verá o Reino dos Céus..."
Ao falar disso estamos falando do mesmo princípio que nos leva a sempre comentar sobre a bondade e os atributos positivos de quem morreu. Às vezes em vida tratava-se de uma pessoa detestável, mas tudo muda quando a morte chega.
Outro ritual? A Santa Ceia. Em algumas religiões, Eucaristia.
Vamos colocar de uma forma bem concreta.
A Santa Ceia consiste nos fiéis de uma determinada igreja ou religião partilharem um pedaço de pão e alguns litros de vinho. Em algumas denominações isso acontece uma vez por mês, em outras, uma vez por semana. Mas quando essa mera atividade ganha a marca do simbolismo que é próprio do ser humano, torna-se um ritual antropofágico; e traduz-se da seguinte forma: Alguns fiéis com-partilham do corpo e do sangue de Cristo, por ordem Dele, que, durante a última Santa Ceia antes de sua morte ordenou aos apóstolos que repetissem aquele ato até que Ele voltasse dos Céus...
Só para constar: Em todas as religiões cristãs o pão representa o corpo de Cristo e o vinho representa o sangue de Cristo que foi derramado pela humanidade.
A Igreja Católica confessa a presença real de Cristo, em seu corpo, sangue, alma e Divindade após a transubstanciação do pão e do vinho, ou seja, a aparência permanece de pão e vinho, porém a substância se modifica, passa a ser o próprio Corpo e Sangue de Cristo.
Então, sejamos sinceros em admitir: não fosse pela fé, seria uma enorme falta de senso crítico. Digo não fosse pela fé, porque a fé não pode ser discutida, e confesso que reservo-me ao direito de jamais discutir algumas coisas aqui. A fé é uma delas.
E digo que seria uma enorme falta de senso crítico porque a eucaristia, ou santa ceia, prega a ingestão de um ser morto.
Antropofagia: Ato de consumir uma parte, várias partes ou a totalidade de um ser humano.
O que justifica esse ato? O fato deste corpo pertencer a quem pertence. Jesus.
Porque essa personalidade movimentou tanto as pessoas a ponto delas realmente acreditarem estar ingerindo seu corpo e sangue?
Eu não poderia responder.

Comentários

Anônimo disse…
ueh.. qual email q eu nao respondi?
ehuehe
fica com ciume nao
:D
eu comento no seu tb!
êee
bjo!
ainda nao li o texto, perae

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